Passeio multimodal
No Domingo passado desenferrujei as articulações numa voltinha de 40kms de Aveiro até à Pateira de Fermentelos. Tal como eu já desconfiava, só era preciso começar, para voltar a ressuscitar o bichinho dentro de mim.
Ontem, enquanto planeava com o Rui uma voltinha por trilhos mais montanhosos, vi-me confrontado com a triste situação de ter que me deslocar de carro para outras paragens. Já não tiro o carro da garagem à tanto tempo e não me apetecia ter que o fazer. Foi então que tive uma ideia. Excelente altura para experimentar o Vouguinha!!
As opções eram limitadas. O Vouguinha só faz uma viagem de manhã e outra ao fim da tarde, por isso, lá estavamos nós às 9:34 preparados para esta viagem de uma hora e três minutos.
As carruagens, a gasóleo, chamam a atenção pelo estado em que se encontram. Visto do exterior é discutível se é arte ou vandalismo, mas no interior é desolador ver as janelas pintadas que impedem os passageiros de desfrutar da paisagem.
A viagem é interessante, não tanto pela paisagem, mas pelo simbolismo histórico. Dá a sensação de regresso ao passado. Os túneis, as passagens sem guarda, as estações e apeadeiros ao abandono...
...e algumas excepções que agradam à vista.
Passamos ainda pelo Museu Ferroviário de Macinhata do Vouga, e lá fomos ziguezagueando até Sernada do Vouga.
Sernada do Vouga parece uma povoação fantasma. Onde outrora funcionou a estação que fazia o interface dos ramais de Espinho, Viseu e Aveiro, agora vê-se um cemitério de meia dúzia de carruagens vandalizadas.
Foi aqui o nosso ponto de partida para mais uma pedalada.
Partimos em direcção a Mouquim, Vila Nova de Fusos e casa do guarda e daí descemos novamente até à foz do Rio Mau. Na descida o Rui conseguiu a acrobática proeza de desaparecer no meio da vegetação com um elevado nível artístico.
Depois apanhamos a linha que ligava Sernada a Viseu, entretanto desactivada e alcatroada.
Passagem pela linda Ponte do Poço de Santiago.
Seguimos em direcção à eólica das Talhadas...
...e voltamos a Sernada do Vouga.
Para não deixar o Rui com todo o protagonismo, ainda consegui a proeza de fazer um mergulho acrobático.
O regresso não contemplava o comboio e, por isso, seguimos por Serem, Frossos e Cacia até Aveiro.
E assim se fez um belo passeio multimodal que acabou por acumular 57kms nas pernas.